Notícias

Abdi analisa dados da produção industrial

581views

Os principais países desenvolvidos estão se movendo no sentido de revigorar e aumentar competitividade das suas indústrias via a adoção de novas tecnologias e também na maior agregação de valor.

O crescimento de 2,3% na produção industrial em dezembro, na comparação com o mês anterior, dá novo alento as expectativas em relação à economia em 2017. Foi o segundo crescimento consecutivo na comparação mês a mês. O bom desempenho foi puxado principalmente pelos bens de consumo duráveis, com forte influência do setor automotivo. Observada pelas categorias de uso, a boa notícia foi além dos bens de consumo duráveis, alcançando os bens intermediários e os bens de consumo não duráveis (tabela 1). Mais do que isso, 16 dos 24 ramos industriais pesquisados mostraram aumento da produção em dezembro.

 

Tabela 1 – Crescimento da produção física por categorias de uso

 

Categorias de uso Dezembro 2016 / Novembro 2016 Dezembro 2016 / Novembro 2016 Acumulado no ano
Bens de Capital -3,2 17,3 -11,1
Bens Intermediários 1,4 -0,5 -6,3
Bens de Consumo 1,8 -2,2 -5,9
Duráveis 6,5 4,8 -14,7
Semiduráveis e não Duráveis 4,1 -3,6 -3,7
Indústria Geral 2,3 -0,1 -6,6

Fonte: IBGE. Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF)

O momento da indústria soma-se ao bom resultado da balança comercial em 2016, que acumulou um superávit superior a US$ 47 bilhões. Os desempenhos da indústria e da balança comercial permitem retirar pressão das expectativas para o ano de 2017, marcadamente porque dão ao Governo Federal maior liberdade para fomentar nova trajetória de recuperação da economia brasileira.

O caminho, contudo, não será nem simples e fácil. Internamente, a superação dos problemas macroeconômicos exigirá ainda alguns meses. Por exemplo, a indústria de bens de capital, setor fundamental para o desenvolvimento do país, foi o único, entre as grandes categorias de uso, a mostrar queda na produção no comparativo mensal (dezembro/novembro). Por isso mesmo que a difícil conjuntura para a geração de empregos e a necessidade de recuperação dos investimentos constituem, hoje, os grandes problemas a serem enfrentados em meio a lenta recuperação da demanda interna.

A própria necessidade de elevar a competitividade da produção nacional, após muitos anos de baixo crescimento da produtividade na indústria e nos serviços, coloca no horizonte desafios que ultrapassam a conjuntura e remetem à decisões importantes para o futuro do setor produtivo brasileiro.

Por outro lado, no campo internacional, o Brasil enfrenta, hoje, desenvolvimentos tecnológicos gestados nas nações mais ricas e que implicarão em mudanças importantes na produção, nos produtos e nas trocas internacionais nos próximos anos. Aqui, os desafios são:

  1. A Indústria 4.0, uma forma de produzir bens com elevadíssima eficiência, utilizando máquinas integradas que trocam informações entre si através do avanço proporcionado pela “Internet das coisas”;
  2. Aprimoramento da economia, a integração de serviços de alto valor agregado aos produtos fabricados;
  3. A Incerteza dos parceiros comerciais, marcadamente a China, frente aos primeiros sinais protecionistas dados pelos Estados Unidos no novo ciclo de poder.

Cabe destacar que os principais países desenvolvidos estão se movendo no sentido de revigorar e aumentar competitividade das suas indústrias, via a adoção de novas tecnologias e também na maior agregação de valor.